A noite é de pizzas, mas os petiscos tem gosto de ancestralidade.

pizzada_flyerEm uma festa de anivesário de uma das integrantes de nossa coletiva, uma convidada gritou: “Que delicia este acarajé!”. O que ela se referia na realidade era a um falafel, já que foi feito de grão de bico. E foi assim que começou uma deliciosa saga em busca dos sabores e da história desta fanstástica ideia.

No Oriente Médio pode-se encontrar o falafel, famoso bolinho naturalmente vegano, de outras leguminosas que não sejam grão de bico. No Egito, a Tameya (como se chamava a iguaria por lá), se fazia com favas e há relatos que este costume vem desde o período dos faraós. É possivelmente a partir da expansão do Império Romano e assimilação da cultura dos povos conquistados percebeu-se que ao hidratar leguminosas, temperá-las e fritá-las se obtem um delicioso e prático quitute.

Os árabes levaram a receita para Ásia e trocaram a fava pelo grão de bico, já os iorubás  optaram por uma leguminosa abundante na África ocidental, o feijão macassar e passam a chamá-lo de akará (chamado assim até hoje em Camarões), frito no dendê e com aparência de bola de fogo, logo foi oferecido para Yansã para saudar a rainha dos raios e incrementar os rituais que lhe reverenciavam. Nas Américas a bola de fogo torna-se acarajé agregando outras receitas que o incrementariam como o vatapá e o caruru.

Acará, Brasil.
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Falafel, Oriente Médio.
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Tameya, Egito.

Seguindo a mesma trilha histórica e claro, nos entendendo como sujeitas e protagonistas dela, expandimos a receita e ensaiamos uma outra possibilidade com ervilha. O resultado você pode encontrar na nossa pizzada em forma de petisco, estaremos oferecendo o bolinho ancestral nas versões feitas com grão de bico, ervilha, fava e feijão macassar.

E falando nisso, em breve estaremos divulgando mais uma atividade: uma oficina de culinária afro com pratos veganos. Esta atividade irá compor as agitações e insubordinações que estamos construíndo junto com o Laia para o Mês da Desobidiência Negra.

Pizzada Dhuzati: https://www.facebook.com/events/1639402622987397/
Sexta, 13 de Novembro (a data do cartaz está errada, ok?)
A partir das 17hrs

Referências:
Cantarino, Carolina. Baianas do acarajé: Uma história de resistência, em Patrimônio.
Lopes, Dias. O pai do acarajé baiano, em Estado de São Paulo
Mariano, Agnes. Acarajé, em Histórias do povo negro
Wilson, Hilary. All growing things, em Egyptian food and drink