Burguers ancestrais e pirataria vegana no Córregos Descoloniais

size_810_16_9_hambuguer3O Hamburguer é um alimento típico da cultura estadunidense, derivado de uma sociedade que cultua a industrialização sem usufrurir de tempo para preparo e consumo das refeições. Símbolo da globalização, carro chefe de várias multinacionais presentes em todo mundo e caracterizado por ingredientes processados, o hamburguer é uma das principais referências da cultura alimentícia capitalista, usado também para afirmar a masculinidade hegemônica, o consumo de animais e o heterossexismo.

image-1e6ipy image-baxupy syg3f3tsq0d7od7qegrn 77cd636d545cdcfe4291b65977c03d11As propagandas de hamburguer dos mais variados fast-foods associam o consumo de carne a um ideal de masculinidade cujos atributos simbólicos são a virilidade, força física, coragem e atitude, reforçando a dominação masculina, que se assenta na ameaça da violência, através de um poderoso arsenal de imagens: homem de verdade (predador e heterossexual) come carne, muita carne!

O cultuado consumo de hamburgueres veio com o poder de penetrar na subjetividade das pessoas para naturalizar o capitalismo, a industrialização, o urbanismo, a exploração animal e a masculinidade heterossexista através da satisfação da necessidade de alimentar-se e do prazer sensorial que isto proporciona, eis a questão!

Acreditamos que a alimentação é um campo estratégico para consolidação de culturas políticas assim, cremos que podemos utilizar a satisfação atingida pela ingestão de alimentos e o prazer gerado pelo ato com filosofias políticas libertárias e anti-hegemônicas, por isso, nunca é demais se apropriar estrategicamente dos marcos da modernidade oportunizando sua fácil aceitação social  para propagar, difundir e experimentar outras práticas de vivências possíveis hoje. É nesta pegada de pirataria e ressignificação que a Dhuzati propõe para o Sarau Descolonial burguers vegetarianos inspirados na ancestralidade, que boicotam o fast-food, elaborados sem exploração do trabalho humano, utilizando ingredientes coletados, reciclados e orgânicos, além de ser protagonizado por dissidentes sexuais.

Para alimentar as vozes rebeldes que ecoarão gritos anticoloniais e fortalecer o impulso das pretas lésbicas responsáveis pelo embalo sonoro da noite, vamos oferecer opções que já trabalhamos no nosso cotidiano em formato burguer, como o acarajé e o falafel dentro de pãezinhos integrais orgânicos acompanhados de salada panc de trapoeraba, ora-pro-nobis e hibiscus, além dos nossos queijos de gergelim, girassol e amendoim! Teremos ainda tapiocas de petisco, para beber, além de cervejas sem milho transgênico, teremos uma incrível bebida cigana e de sobremesa pudim de tapioca, unindo assim através do paladar heranças e inspirações culturais das vítimas do colonialismo.

CARDÁPIO

Canto Iorubá (burguer de acarajé)
feijão macassar hidratado, com amendoim, cebola e alho

Palestina Livre (burguer de falafel)
grão de bico hidratado com cominho, coentro, cebolinho, cebola e pimenta do reino

Pare Belo Monte
tapioca com recheio primavera e queijo de girassol

Kaiowá
tapioca com recheio de jaca e queijo de gergelim

Doces Barbaros
pudim de sagu, leite de coco, açúcar demerara com calda de passas de caju

REFERÊNCIAS
Masculinidade e o consumo de carne, Gerogia Martins
Homem de verdade: apelo a um ideal de masculidade em propagandas de fastfood, Cintia Rodrigues de Oliveira Medeiros e Nicemara Cardoso Silva

SERVIÇO
Córregos Descolonizantes – SARAU
Dhuzati – Casa lilás da Estrada dos Macacos (Rua da Biblioteca da UFRPE)
A partir das 18h