Dhuzati facilita a oficina “Leguminosas e Descolonização Alimentar” no TerrAna – Restaurante e Produtos Veganos em Fortaleza

Alô Fortaleza, no próximo 25/10, em parceria com o Coletivo Vegano Popular, aportamos na TerrAna Restaurante, para repensar o veganismo, nossas referências alimentares e ensaiar um projeto de descolonização empenhado em criar possibilidades inspiradas no resgate saberes ancestrais.

O consumo de leguminosas por populações de diversas culturas é uma prática alimentar que conecta os mais distintos povos, sejam eles civilizados ou coletores. Sabemos que a agricultura é um marco na história da humanidade que, enquanto sistema produtivo, permitiu o desenvolvimento da colonização e exploração da terra, no advento da propriedade privada, na domesticação dos animais não humanos e sobretudo na dominação das mulheres e controle da sexualidade a partir da divisão sexual do trabalho. Contudo, as práticas da agricultura pelos povos não seguem percurso universal nem estágio evolutivo, Em Abya Yala, por exemplo, temos experiências desta atividade que tanto, permitiram a emergência de civilizações como a inca, asteca e maia, na região dos andes e central, com o cultivo do milho, batata e criação de animais, quanto nas regiões amazônicas e litorâneas em que povos manipularam a domesticação de mandioca, feijão e amendoim, sem fazer uso da criação de não humanos, sob uma vivência comunalista e ainda tendo a prática da coleta como condição importante na construção política com o meio. O consumo de leguminosas também é presente em comunidades de coletores contemporâneas como os San, da parte oeste do deserto do Kalarari, na África que cultivaram o feijão tsin, além dos hominídeos Neandertais. Estudos recentes, ainda não muito conclusivos, demonstram consumo de ervilha e favas ancestrais por comunidades desta espécie.

Favas verdes nativas do norte da África, usadas para preparar a ta’ameya ou o falafel tipicamente egípcio
Povo San, comunalistas e coletores que habitam o oeste do deserto do Kalahari na África e cultiva o tsin beans.

As leguminosas são uma excelente fonte de proteína, atuam quimicamente na oxigenação do solo e são estratégicas para se pensar a relação de domesticação, objetificação e utilitarismo com animais não humanos, uma vez que elas eram principal fonte de proteína de alguns povos da África e Oriente Médio. Na nossa pesquisa, encontramos várias receitas que compartilham da técnica de hidratação, saborização e aquecimento dos grãos triturados a pilão ou por máquinas movidas a tração humana, gerando uma massa que pode ser doce ou salgada. Desta forma nossa proposta para a atividade é investigar um pouco mais a prática cultural, política e social que envolve as leguminosas e uma significativa população de seres humanos desumanizados pela universalização da branquitude como possibilidade única de existência na terra.

Assim, compartilharemos princípios culinários para criar receitas doces e salgadas com leguminosas, iremos experimentar algumas versões a partir da textura, mas não focaremos em receitas específicas e pré-datadas, e sim num mote para que, partir das vivências regionais, contextualização social e herança cultural possamos, trazer uma perspectiva alimentícia que tenha uma ética política antiespecista, anticivilizatória e, por assim dizer, antihumanista.

SERVIÇO
Oficina Leguminosas e Descolinização Alimentrar
25/10 – TerrAna – Restaurante e Produtos Veganos
Rua Marco, 309. Montese
Inscrições: 80$ via preenchimento do formulário
19h