Aqui em Recife, a lasanha é algo muito comum em ocasiões especiais ou nos finais de semana. Várias camadas de massa intercaladas com um recheio saboroso num molho bem suculento é a base mais típica deste prato. Mas o que pouca gente sabe é que apesar da origem desta montagem comestível ser atribuída a Itália, várias comunidades humanas, antes mesmo deste Estado-nação sonhar em nascer, puderam ensaiar, experimentar e degustar o preparo de iguarias seguindo a mesma lógica de camadas e recheios. Sendo assim, nossa proposta é manter viva as experimentações, regando-as com os temperos de nossas vivências, referências e aspirações.
Apesar de usamos trigo integral orgânico, que vem lá do Rio Grande do Sul, estamos cada vez mais empenhadas em preparar alimentos que não tenha o cereal como matéria-prima, e não é por causa da nova moda da indústria alimentícia “glúten-free” (devemos preparar em breve um post sobre isto), mas sim porque na nossa proposta de descolonização alimentar o trigo é um ingrediente tanto quanto controverso, seja por seu consumo está diretamente ligado a revolução que sedentarizou a humanidade constituindo a propriedade privada, a dominação masculina e a domesticação dos animais, seja por ser um alimento chave para indústria alimentícia e por isso ter sido incansavelmente hibridizado, adulterado e geneticamente modificado apenas para fins comerciais.
Voltando em grande estilo ao nosso cardápio a grandiosa lasanha ganha massa de berinjela marinada no sal e limão, junto com o aclamadíssimo molho de tomate artesanal temperado apenas com cebola, vinagre de maçã e manjericão, purê de batata doce acidulado com limão (nossa base do salpicão vegano), mangará bem refogadinho, temperado com alho, gengibre, cenoura e pimentão e aquela ricota inacreditável de gergelim no ponto perfeito para amassar
Arroz integral com temperos leves mais o creme de jerimum super apetitoso e viscoso e a salada de plantas alimentícias não convencionais darão todo o toque final no retorno de inverno do Sabamata. E por falar nele, os fiapos de flores rosas espalhadas no asfalto da cidade vem nos avisar que o jambo tá chegando e com ele sucos e sobremesas sendo especuladas devidamente para brindar nossa vivência de coleta e a propagação da autonomia alimentar.
Neste dia 06, temos um encontro marcado nesta reserva de Mata Atlântica em resistência ao capitalismo predatório, esperamos vocês!
SERVIÇO:
SABAMATA – Lasanha de Berinjela
Dhuzati – Casa lilás da estrada dos macacos, rua da biblioteca da UFRPE
A partir de 12hrs.