Ação violenta da Prefeitura do Recife contra a Dhuzati durante o Porto Musical

pelosricosNa ultima sexta-feira, dia 06/02 a Dhuzati foi vítima da violência institucional da Prefeitura do Recife durante o Porto Musical, evento que acontece até o sábado 07/02 no Recife Antigo. A violência se configura como uma ação de protecionismo comercial à grandes empresas que atuam no bairro e patrocinam o Carnaval Multimercadologico do Recife, atitude que evidencia uma política voltada apenas para interesses financeiros e marcada pela exclusão e repressão da população.

A Secretaria de Mobilidade e Controle Urbano ou Secretaria de Desenvolvimento da Miséria, como preferimos chamar, abordou nossa banca alegando que só é possível expor alimentos e demais produtos em espaço fixo público quem paga a prefeitura, isto é, quem pode pagar por volta de R$ 1,4 a 4 mil, que certamente não são xs pequenxs comerciantes ou xs trabalhadorxs ambulantes.

Uma confusão foi instaurada quando ameaçadas de ter nossos alimentos roubados pelos agentes da miséria e guarda municipal, ecoaram gritos de socorro e pedidos de ajuda contra a ação higienista e elitista que tava sendo executada para proteger as bancas padronizadas e patrocinadas pela AmBev, uma das empresas mais predatórias em execução no Brasil.

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Rapidamente pessoas solidárias se juntaram e fizeram um grande cordão de resistência e proteção repercutindo gritos de ‘Não vai sair’, Isto aqui não é Privado’ e ‘Fora Braga’. Ao ganhar coro a movimentação foi capaz de se posicionar combativamente e intimidar a ação truculenta dos agentes da miséria, que imediatamente retiraram a ameaça de apreensão, porém acionaram a Polícia Militar.

Por sua vez, como grande protetora das instituições financeiras e protagonista principal das políticas de repressão, perseguição e tirania executadas pelo Estado, o braço armado do Governo de Pernambuco teve a cara de pau de nos recomendar ‘bom senso’ para recolher nossa banca afim de evitar a retirada abrupta, ou seja, o fim da banca a partir da porrada.

Bom senso para nós é a capacidade de agir e combater a partir de nossas forças todo tipo de autoritarismo, privatização, desmandos, arbitrariedade, injustiça, humilhação e violência, principalmente as que são cometidas pelas instituições que dizem falaciosamente representar o povo. A categoria dxs trabalhadorxs ambulantes estão sendo sistematicamente violentada e excluída, apanhando dos agentes da miséria, tendo seus materiais roubados e impedidos de acessar a cidade graças a uma gerência higienizadora fundamentada num vitrinismo nojento e numa submissão colonialista apenas para os turistas não ficarem tão chocados com as contradições e misérias fabricadas pelo poder público e grandes corporações.

pa_ambulantes_montagemÉ um absurdo pagar qualquer centavo que seja para uma instituição tão escrota como a Prefeitura do Recife, como pressuposto para trabalhar de forma autônoma e/ou cooperativada. A postura da prefeitura vem explicitar que a liberdade e o poder auto organizativo de pessoas e/ou coletivos estão proibidos graças a liberação de muito dinheiro. O comércio ambulante só existe porque há pessoas interessadas gerir seu próprio meio de vida, interessadas principalmente em não alienar sua força de trabalho para empresários, corporações e empresas exploradoras, sem ambição de acumular grandes receitas ou explorar a força de trabalho de pessoas. O impedimento do comércio ambulante na região central de Recife mostra o poder que as grandes corporações e os grandes eventos tem contra as classes mais populares. E mais uma constatação: o espaço público não é livre para iniciativas que questionam à política autoritária do Estado e os gananciosos planos das grandes corporações.

Na tentativa de alcançar mais solidariedade algumas pessoas tentaram se comunicar com o músico Lira para conseguir dar visibilidade à violência que este setor está drasticamente submetido. O desprezo do cantor reflete que ignorar o que não passa atrás dos bastidores e camarins e a não preocupação com o impacto social que eventos deste porte tem é algo pra além de normal, necessário para o evento acontecer.

Em momentos como este a nossa iniciativa de resistir, questionar e combater estas opressões nos fez encontrar outras que fazem o mesmo e estão em lutas que pretendem abrir novas possibilidades para nossas vidas. Em um mundo governado por déspotas mesquinhos isto produz pessoas destemidas e ao questionar as humilhações que o Estado e as corporações nos impõe, nos tornamos pessoas mais empoderadas. Agradecemos imensamente ao apoio dos ali presentes que dispuseram de sua força e conhecimento para solidarizar-se e rebelar-se contra as tiranias desta estrutura ordinária que se chama democracia, suas agências de miséria e braços armados.

TODO REPÚDIO À HIGIENIZAÇÃO SOCIAL
PELA LIBERDADE DE ORGANIZAÇÃO E OCUPAÇÃO DO ESPAÇO PÚBLICO
POR UMA CIDADE SEM CATRACAS
POBREZA NÃO É SUJEIRA

Ps.: Pedimos aos que conseguiram filmar ou fotografar algumas cenas, entrar em contato pelo dhuzati@libertar.se