Encontro Nacional da União Vegana de Ativismo em Recife

Nos dias 04 a 06 de Julho de 2019, acontece no Centro Universitário Maurício de Nassau, localizado no bairro das Graças, zona norte recifense o I ENUVA – Encontro Nacional da União Vegana de Ativismo, organizado pela UVA, União Vegana de Ativismo. A iniciativa que existe desde outubro de 2018, tem como marco a reivindicação do veganismo enquanto movimento social e o questionamento às reproduções racistas, sexistas e elitistas, que consolidaram uma impressão negativa, excludente e hegemônica ao movimento vegano, esvaziando e escanteando as premissas básicas de combate a opressão animal. Um dos pontos que a iniciativa se posiciona contraria é sobre o Veganismo Estratégico, já praticado na gringolândia, prega o crescimento do veganismo através do apoio acrítico de produtos sem matéria prima de origem animal, por grandes corporações que financiam a exploração animal ou se beneficiam dela, desta forma o veganismo estratégico revela que não está preocupado com o especismo, sua sofisticação, muito menos com a estrutura desigual, complexa e hierárquica de poder que subjuga os corpos não humanos e corpos humanos animalizados, a luta deste tipo de veganismo é para instituir um padrão de consumo e criar uma falsa consciência de que os direitos animais estão avançando a partir do progresso e tecnologia capitalista. O recente acordo da UE com Mercosul, força-nos a resgatar a nossa história colonialista mostrando como centros urbanos europeus, referência em civilidade, social democracia e mercado vegano no mundo, podem ser associados na instauração da América Latina como fazenda de abate industrial de não humanos para consumo europeu.

O evento ira contar com palestras, rodas de conversas, mesas redondas, feira e reunirá nomes importantes da rede vegana de perspectiva interseccional como Daniel Kirjner, Fábio Oliveira, Márcia Cris, Sandra Guimarães e Sabrina Fernandes. Sandra e Sabrina serão as facilitadoras das palestras “Conexão Entre as Lutas” e “Veganismo para Anticapitalistas: Desafios e Oportunidades” que ocorrerão na noite do dia 04 e 05 respectivamente. As rodas de conversa, serão realizadas a tarde e estão divididas em 5 eixos: articulação entre veganismo, justiça e movimentos sociais; saúde e sustentabilidade; soberania alimentar e direito à alimentação e veganismo popular e acessível. Já as mesas redondas ocorrem pela manhã e tarde reunirão pesquisadores e ativistas para compartilhar uma visão ampla de um tema específico.

A feirinha do evento vem quase como atração a parte com mais de 20 stands e será totalmente aberta ao público e gratuita, entre os produtos para exposição estão garantidos cosméticos, vestuário, livros, além de comida, claro e funcionará durante todo o evento, no dia 04 e 05 das 11h as 21h e no dia 06 das 10h as 20h.

No dia 05 as 16h A Dhuzati irá conduzir a roda de conversa “Especismo, Cistema e Heteronorma”, onde pretende conectar os marcos de controle e sujeição dos corpos a partir de uma premissa civilizatória baseada nas categorias de sexo e espécie enquanto tecnologias de dominação. Já no dia 06 as 09h teremos o prazer de nos juntar com Juliana Gomes e Ruan Félix para refletir a cerca de um “Veganismo Brasileiro Acessível”, nossa intenção será abordar um veganismo para além de um movimento social, mas sim como uma ética política que deve resgatar a ancestralidade e cosmovisões negras e indígenas com interesse de propagar o entendimento de seres não humanos como sujeitos de interesse próprios, capazes de lutar pela sua própria vida, de exercer empatia e solidarizar com a própria e outras espécies. Nossa fala será no sentido de localizar práticas excludentes dentro do movimento vegano, visibilizar as urgências sobre o contexto de exploração animal local e traçar diretrizes para outros fazeres possíveis que traga um veganismo antihegemônico como premissa fundamental da luta por direitos animais.

Já no dia 04, as 16h acontece a roda de conversa “Movimento Negro e Veganismo” facilitada por Márcia Cris, jornalista e integrante do Movimento Afro Vegano (MAV) que tem uma pesquisa interessantíssima sobre o nutricídio da população preta e periférica; no dia 05 também as 16h destacamos a roda sobre “Proteção animal” facilitada por Ariene Bassoli, Taci Cássia, Aline Gusmão e Karin Salamoni. A última mesa redonda do evento as 14h trás uma importante conversa com Bárbara Bastos, Sandra Guimarães e Daniel Kirjner sobre “Como Denominar o Veganismo que Defendemos”, em tempos de ascensão fascista é muito importante se dissociar de oportunistas que se apropriam da luta pelos direitos animais para violentar outras minorias desumanizadas, para também afirmar uma narrativa vegana que deslegitima e combate abusos, desmandos e explorações em prol a perpetuação de um antropoceno cada vez mais destruídor e avalaçador contra corpos inferiorizados e modos de viver desconexos com a progessão infinita e automatização subserviente.

Márcia Cris, integrante do MAV – Movimento Afro-Vegano
A cozinheira Joice Paixão, compartilha sua vivênicia na roda de conversa “Experiência Dachita e Soberania Alimentar”, dia 06/07 às 16h

O evento tem inscrição de 70$ meia (para professores e estudantes) e 120$ inteira, contudo, o acesso a feirinha e as palestras são inteiramente gratuita e aberta ao público.

Serviço
Encontro Nacional da União Vegana de Ativismo
Onde: Centro Universitário Maurício de Nassau, no bairro das Graças
Quando: 4,5 e 6 de julho; a partir das 9h
Quanto: R$ 70 (meia) e R$ 120 (inteira)
https://enuva.com.br/