No último dia 12 enquanto várias cidades do país estavam imersas em marchas direitistas contra a corrupção, o Movimento Ocupe Estelita em conjunto com o Centro Sábia, MST, Núcleo de Agroecologia e Campesinato da UFRPE e Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Comércio Informal do Recife, organizaram o Ocupe Campo-Cidade, evento que marca a prioridade do movimento em focar no questionamento político articulado com lutas de perspectivas populares.
A Dhuzati compareceu no evento com a associação Agroflorestal Terra e Vida, realizando mais uma parceria exitosa propagando fazeres autônomos e possibilidades alimentícias não convencionais de forma artesanal e agroecológica. Também foi neste evento que publicamente apresentamos a Empório das Rosas, que representa o desmembramento de nossa linha de higiene, e agora toma vida própria como cooperativa familiar.
Compondo nossa banca com materiais da Editora Deriva, Dystro Disca e Empório das Rosas nos posicionamos juntas com Mimi Cozinha e Um Lugar, firmando espaço com um grande bloco de produção alimentícia artesanal e autônoma, mostrando a possibilidade de práticas de solidariedade e mutualidade entre coletividades que realizam fazeres similares, não criando espaço para a competição, concorrência e outros valores pregados pela cultura capitalista. Esta experiência foi um sucesso e nos levantou a possibilidade de articular outros fazeres políticos em breve.
O ocupe contou com várias rodas de diálogo, diversas oficinas e espaço para debate com exposição de diversas perspectivas políticas. Ao associar-se com lutas urbanas de cunho de popular e com lutas do campo em perspectiva política combativa, o movimento evidencia um amadurecimento e assume o real foco político em detrimento da preferência à discussão técnica, institucional e legalista. A Dhuzati entende este trânsito como algo extremamente necessário a qualquer tipo de agitação política e crê que resultados e êxitos de cunho emancipatórios só serão possíveis a partir da radicalidade do discurso político fundamentado no protagonismo político e empoderamento social dos setores menos privilegiados na estrutura capitalista.
É com bastante entusiasmo que saudamos este novo ciclo do Movimento Ocupe Estelita, com a certeza de estaremos sempre dispostas e flexíveis a desconstruir os imperativos hegemônicos e institucionais que insistem em se perpetuar nos nossos fazeres políticos e sobretudo a construir a partir de uma relação de apoio mútuo, horizontalidade e organização em rede, novos cenários e possibilidades emancipatórias, autônomas, ecocêntricas e radicais hoje.
“Usando este espaço para priorizar pessoas em situação de vulnerabilidade social, que têm urgência por moradia, pela perspectiva da autonomia e da agroecologia, inevitavelmente abraçaríamos propostas de vivências culturais horizontalizadas e um ambiente de sociabilidade que permitiria a troca de experiências e de conhecimento pelas ações práticas.
Uma realidade onde uma comunidade produz seu próprio alimento e beneficia o excedente; domina práticas de construções ecológicas; produz materiais e tecnologia a partir de iniciativas artesanais; garante às pessoas de fora da comunidade a apropriação dos espaços coletivos para a realização de atividades; organiza cooperativas de consumo fundamentadas na produção interna, estando aberta para produções artesanais externas; baseada num sistema de organização coletiva que garanta a equidade entre os seres, certamente virá acompanhada de inúmeras performances culturais, artísticas, poéticas e cinematográficas para celebrar e exaltar a liberdade vivida e para serem compartilhadas e apreciadas em público.”
Cidades: um conceito vital para o capitalismo – Dhuzati Coletiva Vegetariana Artesanal